A importância do compliance trabalhista e da governança do RH

Com a chegada da pandemia do coronavírus, as relações de trabalho sofreram modificações significativas. Muitas empresas fecharam suas portas definitivamente e outras tantas ainda fecharão.

Muitas atividades passaram a ser realizadas de forma remota, inclusive, em definitivo.

A adequação a esta nova realidade tem sido tarefa árdua tanto para empregadores, quanto para empregados.

Ao contrário do que se possa imaginar, o papel do RH tem se tornado, cada vez mais importante e fundamental na gestão de riscos e crises da empresa.

Antigamente, não muito tempo atrás, o RH era figura temida entre os funcionários de uma empresa. Conhecido como “o homem da foice”, aparecia nas relações de trabalho, apenas para aplicar sanções ou desligar o empregado.

Tal situação, já vinha tomando outros rumos, o que consolidou-se com a chegada da pandemia. E, muito embora o distanciamento social tenha o condão de manter as pessoas fisicamente afastadas, o RH adquiriu o papel de uni-las novamente, ainda que virtualmente.

É fato, que, uma boa gestão tem o mote de minimizar riscos futuros de passivos trabalhistas, porém, não se trata apenas disso. Quando o empregado realiza suas atividades com motivação, ganha ele e ganha a empresa. Incentivar o funcionário não é tarefa enigmática e pode gerar benesses imensuráveis ao empregador.

Desmistificar a imagem negativa que os trabalhadores possuem do RH é um excelente começo. Uma participação mais ativa desse departamento no curso da relação laboral, é fundamental. A empresa precisa crescer e os empregados precisam ser estimulados.

De nada resolve a empresa possuir inúmeros documentos devidamente assinados pelos seus funcionários, se, na maioria das vezes, o mesmo sequer tem conhecimento do que está assinado. Não adianta possuir um regulamento interno com a melhor das redações, se o trabalhador não foi devidamente orientado sobre as normas de conduta da empresa, e, até mesmo acerca da legislação que regulamenta seu contrato de trabalho.

O empregado precisa compreender, que a empresa não é sua opositora, pelo contrário, que é imperioso ambos caminharem juntos, e, ninguém melhor do que trazer esta compreensão do que o RH.

Políticas e regimentos internos, são de suma importância para a implementação de um compliance de sucesso, e, para isso o funcionário precisa ser ouvido. Ninguém melhor do que ele para apontar as principais linhas de sucesso da empresa ou até mesmo situações em que existam falhas. Parafraseando o momento atual, apenas aquele que está na linha de frente conhece as reais dores da empresa.

Um canal de denúncias ou um veículo em que o empregado possa apresentar sugestões e até mesmo reclamações, inclusive de forma anônima, pode ser primordial para um bom relacionamento entre as partes, corroborando para que as relações de trabalho sejam mais leves, e, por conseguinte, haja mais sucesso.

Investir no empregado pode gerar ao empresário um excelente custo benefício, seja através de cursos de qualificação e aprimoramento, seja através de treinamento, dinâmicas e políticas de recompensa.

Certo é que o momento atual não está propício a nenhum investimento, porém, importante salientar, que, nem todo investimento é sempre de ordem financeira. Existem ótimos cursos on line e gratuitos; É possível conhecer muito de um funcionário ou até mesmo das necessidades de uma empresa por meio de uma dinâmica bem elaborada; Nem toda recompensa precisa ser em pecúnia, a empresa pode fazê-la através dos produtos e serviços que oferece.

Criar um ambiente de trabalho saudável, não está relacionado apenas a aplicação das normas de saúde e segurança, vai muito além disso. Uma boa gestão de RH atrelado a um acompanhamento jurídico de qualidade, certamente poderão prevenir problemas futuros, e, ainda por cima, transformar o ambiente de trabalho em um lugar contagiante.